8 de outubro de 2015

Tem Certas Coisas Que Confortam


Tem certas coisas que vão além do meu querer
Meu bem-querer, o que é tão transitório, tão aleatório
Das minhas razões e explicações que não cabem em meu ser
Queria eu ser, além da precisão, da minha estranha organização
E todas minhas reações ao inesperado, à certeza, a todas essas linhas
Que me costuram tão apertadas, tão pra fora de mim.

Deixa essas luzes saírem de mim, eu gostaria conseguir me soltar
Mas eu não preciso de sinais para acreditar, tem certas coisas
Que simplesmente vão além... E as palavras me cravam mais forte
Uma vez que escrever nunca foi tão difícil... Entretanto, como sempre
Escrever é libertador. É o fôlego que sempre me afaga quando preciso.
É minhas agonias e anseios se transformando em perspectivas novas...
E eu me sinto tão confortável assim.

Daniele Vieira

12 de junho de 2015

SER


Eles me chamam de salvador. Quem os protege, guarda, lidera e auxilia. Eles glorificam e exaltam quando eu trago conquistas, posses, atitudes e encorajamento. Sempre passam a sensação que precisam do "salvador" mais do que nunca, de que sem eu, viver seria um constante sentimento de sofrimento e trevas. 
Eles me chamam de luz. Sabe, aquela que geralmente está lá longe, bem no final do túnel? Aquela que purifica, que dá conforto e paz. Eles me embrulham e me vestem com quem eles esperam que eu seja, com quem eu não sou, com quem eles afirmam precisar ter envolta. Eles me acorrentam aos ideias que eles mesmo criaram em mim.
Acorrentam-me as expectativas, sonhos, esperanças, alegria, fé e admiração deles. Uma vez que, no exagero, tudo isso se torna ilusório, mas eu sabia que tinha que ser forte... Então construí uma casa com todas as fraquezas, dores, medos, agonias, tristezas e sofrimentos não só meus, mas de todos. Fiz questão de esconder me esconder lá dentro, por medo de ter o meu Ser corrompido.
Entre meu ser e a casa eu coloquei minha utopia. É nela onde se encontra minha reação criativa, minha floresta escura, minhas construções e certezas e meu caleidoscópio de instintos que se desdobram em ideias sem forma, sem beleza, sem padrão e sem noção de bem ou mal. E, claro, a porta amarela e de fechos dourados onde protejo meu Ser.
O único problema é que se eu que protejo todos, quem que me protege? Quem que me guarda, lidera e auxilia? Quem é minha luz? Quem me dá conforto e paz? Eu mesmo. A sensação é aquele vazio solitário, esdrúxulo se contorcendo, gritando e gemendo sem fim. E cada vez que é depositado mais expectativas em mim, eu cada vez mais vou afundando e me perdendo entre as árvores sombrias.
Floresta úmida, de galhos tortos, promíscua seduz à minha insanidade. A onde eu posso ser quem eu sou e quem eu realmente quero ser, onde a terra é vermelha do fogo que habita em mim, onde o orvalho é o gozo leve e delicado do desprender! É a onde encontro a liberdade e a chave da minha porta, a chave das minhas inseguranças. 
Mas meu Ser é selvagem, é de viagem, é de paisagens bucólicas e é das cores que refletem no mundo. Não se contenta apenas em liberdade provisória e nem em ficar preso em uma gaiola de imposição social. E agora? Salvador versus Ser, quem é mais importante se ter? Devo me vestir mais ou me despir dessas amarras? Devo me esvaziar ou me transbordar?
Eu não sei mais de nada, eu não entendo mais o que dizem, nem o que fazem... Eu me perdi no meio dessa decisão, no meio do meu caleidoscópio que nunca parece parar de girar. Girando e girando, uma hora o fluxo decide sozinho, isso seria aceitar qualquer coisa que o destino quiser? Ou seria uma outra manipulação?
Eu preciso disso mais do que nunca, ser o meu próprio salvador e minha própria luz. Eu preciso ser quem eu sou e não quem eles querem que eu seja. Eu preciso me despir assim, quebrando minhas amarras, rasgando os laços sociais apertados, descalçando os fardos alheios e pesados. Eu preciso desprender minhas asas e voar, assim, ao infinito libertador: meu verdadeiro lar. 

Daniele Vieira

5 de junho de 2015

Estrelas


Quando as coisas chegam ao fim, o que sobra?
Será que percebemos tudo que foi deixado para trás?
O que será que realmente restou?
Quando estrelas morrem elas continuam a brilhar, você sabe me dizer o por quê?
Talvez a luz da esperança ainda brilhe após o término, ou será que nada restou?
O coração pode querer fraquejar, mas saibam que os problemas podem surgir, e que tudo pode ser superado independentemente do que aconteça, sabemos ainda que essa força interior, que te faz levantar quando cair jamais vai morrer...
Os sonhos nos guiarão pelo novo mundo, onde eu tenho certeza, que uma nova luz do amanhã brilhará... Quando olharmos para o que restou, não veremos cacos de um coração despedaçado, veremos uma força que brilha intensamente, superando qualquer desafio que aparecer pela frente, motivando a tudo e a todos... 
Não sei dizer, se é realmente a esperança que se renova, talvez seja apenas a vontade de lutar contra a gravidade, ou a de querer olhar para o céu azul mais uma vez... Tal sensação pode ser descrita?
Acho que a definição disso é VIDA! Jamais deixe que ela passe, sem saber que você fez o seu melhor, que seus atos mesmo que para os outros sejam pequenos, todos eles ressoarão pelo tempo, desde sua infância até sua morte, marcamos as pessoas que encontramos nessa jornada, assim como elas nos marcam, nossos corações persistem mesmo que o tempo seja delimitado, a luz pode se extinguir, mas elas são como estrelas... Mesmo após a morte continuam a brilhar!

Daniel Carneiro

3 de maio de 2015

Das Coisas Que Eu Gosto


Eu gosto desse sem jeito, desalinhado, de como minha blusa favorita fica
Eu gosto de ficar sentada na escada, imaginando cores, criando poesias
Eu gosto de andar com calma e sem alarde mesmo que esteja no meio da chuva
Eu gosto da chuva, da paz, do cheiro, dos desejos e da simplicidade que ela trás
Eu gosto de músicas que tocam minh'alma sejam elas alegres ou calmas
Eu gosto do jeito que sai a fumaça do incenso e do chá da tarde que não consigo tomar
Eu gosto de nunca ser tarde demais e nem cedo demais... O tempo passa e eu parei nele?

Eu gosto do perfume floral, do sabonete de pitanga, do picolé de amora
Eu gosto das poesias que nunca ousei publicar e das que guardei com outras lembranças
Eu gosto da minha utopia, da minha loucura, do caos, do meu quarto desarrumado
Eu gosto de como as ondas do mar se consomem e quebram num espetáculo singular
Eu gosto da mangueira que plantei e de como ela cresceu como eu, menina, queria...
Eu gosto do aroma de alfazema e do conforto materno que a ele se vincula
Eu gosto de ser tarde demais ou cedo demais... O tempo parou e eu passei dele?

Eu gosto de coisas que eu não sei o nome, nem o explicar, uma fórmula afrodisíaca
Eu gosto de emoções que eu não encontro palavras para descrever, as que não sei sentir
Eu gosto de misturar os sucos, os remédios e as geleias na mesma fatia de torrada
Eu gosto de dar nomes próprios para os eletrodomésticos e móveis da minha casa
Eu gosto da maneira como não gosto de ser exposta, nem de ser desvendada
Eu gosto de saber muito pouco, de mim, das pessoas, do universo.
Eu gosto da relatividade, da mudança e de tudo ao seu tempo...
E eu gosto e não gosto, inevitavelmente, em por a culpa no tempo.

Daniele Vieira

5 de abril de 2015

Incenso Incendeia Irradia


Incenso
Sem senso
Dentro do senso
Do ser intenso
Que sou
E que somos

Incendeia
Minhas cadeias
E ideias flamejantes
Que queimam
Sucumbem
Em cinzas

Irradia
Paz e moradia
Renovação
Palavras e poesias
Simplicidade
Chave da vida.

Daniele Vieira

11 de março de 2015

Sobre Amar Cores

Sobre o amor:
O amor tem cores
Algumas claras e pacíficas
Outras poluídas e borradas

Sobre o meu amor:
O meu tens tons aquarela
Os quais não consigo ver
Apenas imaginar e sentir

Sobre as cores:
Carregam amores e dores
Desdobram-se num olhar
Todas as cores do meu mar.

Sobre o mar:
No mar tem meu amor
Por si só já é quase amar
Ama todos sem medida.

Daniele Vieira

8 de fevereiro de 2015

Um Nenhum


Seis passos em direção à cozinha, cinco comprimidos, meio copo d'água, um suspirar.
Dez horas tarde demais, vinte e sete minutos esperando o Sol baixar, três apelos, uma nota.
Quatro cores: azul, amarelo, vermelho e branco, duas sombras e sem sombra de dúvida, um amor.

Sete acordes emergindo do violão, meia dúzia de palavras e nenhuma precisava ser dita.
Treze poesias jogadas no mar, trinta e dois metros para descer e nenhuma expectativa.
Dezenove degraus em overdose na minha escada, milhões de grãos de areia e nenhum destino.

Um suspirar ofegante, uma nota maior, um amor acomodado navegante
Nenhuma palavra precisava ser dita, nenhuma expectativa para nenhum destino
Um nenhum de maresia, de mar e poesia, um nenhum pelo acaso, um nenhum um tanto meu.

Daniele Vieira