28 de junho de 2014

Lábios Que Tremem


 Lábios finos murmurando palavras desconexas nessa imensidão escura, soletrando minha agonia em cantigas simples de amor, embebedando sutilmente minha euforia para um novo presságio. Lábios que tremem livremente quando emitem outro elogio raro ou quando aceitam um agrado, antes de reprimir as emoções novamente, grandes sentimentos em pequenas demonstrações enxutas por minhas aflições.
 Clareia esse vão de coisas apegadas, clareia esse medo opressor, clareia essa vida programada. Como posso reencontrar a minha espontaneidade? Como posso sair dessa virtude danificada? Minha vida já passa e como já passou, e eu ainda estou aqui, atordoada pelo medo e pelas feridas ainda atadas. Intocável esses sentimentos inexpressos...
 Sentimentos intensos, explosivos, vibrantes e calorosos. Altamente destrutivos, autodestrutivos, destroem minha longa muralha impessoal. Mestre na arte de regeneração emocional ou na arte de isolamento sentimental? Como não reprimi-los e sufocá-los e algum lugar em que eles não possam ser sentidos? Sentir muito nunca me fez bem, nem nada em excesso. Medo, o bom, opressor. 
 Expressar-me livre de impedimentos ampliaria minha visão, filtraria minhas decisões. Lábios finos esticados de lado, desprezando essas coincidências inevitáveis, chegando mais perto do que deveria ser. Lábios que esticam palavras que deveriam ser mais simples, palavras calmas, deleitosas e aconchegantes. Nada tão orbitante, nada tão centelha. 

Daniele Vieira

19 de junho de 2014

Enxergar O Quiser


Você consegue enxergar o que não estou vendo?
Consegue sentir esses ferimentos? Essas lembranças?
Esses pequenos empecilhos sem nenhuma opção, nenhuma solução.
Para onde vai? Não sabes nem me dizer, como saberias? Como eu sei?
Não tenho mais aquele comodo fervor aos olhos, nem outro brilho casual,
Nem outra virtude passageira... Por que não consigo enxergar o que almejo?
Devastada imensidão, inapropriada mania de ser assim, de querer ser assim
Deve ser por isso que não exergo o que é arriscado demais para minha amplitude,
Mas como posso sentir algo que não me pertence, algo que não quero refletir?
Muitas perguntas e poucas respostas, quando na triste realidade
Fico melhor por aqui, nessas dúvidas não tão duvidosas...

Daniele Vieira

9 de junho de 2014

Sem Fôlego


Eu acordei nessa manhã me sentindo sem fôlego.
Sem saber para onde ir, por quanto tempo partir, sem saber
De nada que não me pertença, de nada do que eu costumava ser
E do que ainda sou... Meio que um sentimento um tanto leviano e vazio.

Palavras estranhas e desconexas reinando em minha memória
Pra quê acreditar no que foi e no que será? Sem fôlego, sem dor
Era a hora, mas, e agora? E essas poesias incompletas? E essas páginas
Em branco? Seria tamanha falta de educação deixá-las avulsas de meu coração.

E se, se eu perguntasse, o que eu acostumava ser?
Palavras estranhas e desconexas, poesias incompletas
E páginas em branco? Sem fôlego, sem ardor
Costumava acordar me sentindo renovada.

Daniele Vieira