30 de dezembro de 2012

É Delicado, Não É?


É delicado, não é? Tentar desembaralhar todos os meus problemas...
Como posso resolvê-los? O ano está acabando e eu não quero fardos
Acumulados, nem dores, nem amores, nem antiguidades... Não quero mais.
É delicado, não é? Praticar desapego e acabar se apegando mais ainda...
Acho que no fundo tenho uma insegurança que me prende ao passado, 
Sei lá, acho que é isso que me impede de seguir em frente, ou talvez seja o
Medo de não achar o que procuro, de não realizar o que almejo tanto.
É delicado, não é? Esse não saber onde começou e não ter certeza de
Como vai acabar, quando se tem o carma frequentemente ordinário.
Indo e voltando, sempre girando... Me canso só de imaginar os tormentos que 
Terei novamente caso não quebre esse destino, não quero mais casos ordinários.
É delicado, não é? Sofrer por algo sabendo que sofrerá novamente,
Amar alguém sabendo que amará outrem novamente, é constrangedor saber que
A sua jornada você deve caminhar sozinha. É delicado, não é? Viver somente
Para seu Eu, se dedicar somente para si mesma e seu interior... É difícil, 
principalmente para quem só sabe se colocar no lugar dos outros. 
É delicado, não é? Tentar desvendar todos os meus problemas e encontrar
O porquê deles ainda estarem lá... E mesmo que não consiga ao menos resolver
Quem sabe talvez consiga transformar em um fardo mais fácil de carregar.
É delicado, não é? Tentar clarear uma imensidão só com minha solitude.

Daniele Vieira



27 de dezembro de 2012

Worn Down By Time


Cansada do mesmo desfecho
Da mesma decisão sem direção
Ruim doí, rum corroí, riu herói 
Desgastado pelo tempo

Tratando alegorias pálidas
Esmaltadas e sedimentadas 
Com o mesmo aspecto erogêneo
Desgastado pelo tempo

Nada parece mudar, nada parece 
Querer mudar, desgastado pelos erros
Parece que estou entre espelhos
 Desgastados pelo tempo

Calçadas paralelas com meus anseios
Escutam minhas histórias manchadas
De orgulho, seguro meu sorriso
Desgastado pelo tempo

Quando tudo é o mesmo
Parece ser do mesmo jeito
Me engano, é só o meu desejo
Desgastado pelo tempo.

Daniele Vieira

*Inspirada na música Worn Down By Time do artista Marcus Foster.

22 de dezembro de 2012

Estava, Estiveste Lá


Estava lá, estiveste lá, com esses olhos
Amêndoas a me encarar... Estiveste lá...
Esperando, me cansar de esperar
Estava lá, meus ambares a piscar sem parar...
Diante de minha nublada vista, eu estava lá, dançando
Sem mover-me... Cantando de boca fechada... Olhando
Com as pálpebras entreabertas. Estiveste lá, ao meu lado
Me encarando, com suas amêndoas me assustando...
Caindo entre outros desejos, eu estive lá, usando com repúdio
Minha aflição... Eu estive achando que já... Já bastava de querer
Ali estar... De querer impregnar palavras com um senso só meu.
Eu estava lá, tu estiveste lá, com esses olhos... Que fiz questão
De não enxergar... Deslizando no salão, murmurando repressões
Envenenadas de orgulho, olhando para os cantos, não achando uma
Solução, que sempre estava lá, estiveste lá, só era fechar os olhos devagar...

Daniele Vieira

12 de dezembro de 2012

Saciar-me


Saciar-me com equívocos imaginários
E acalentar-me com hipóteses utópicas
Da onde sugiro-me esquecer afagos e
Descasos, voltando-me para dentro.

Entre pétalas no desabrochar doentio
Desfecho esse enredo um tanto peculiar
Dentre certezas exóticas e direção holística
Sigo para outra imensidão de conhecimentos.

Dança, flor rosa... Dança, que já é hora
De partir, de exalar, de deixar ir a outrora
Sentir o novo invadir e com novos barulhos
Espantar o mal que me rodear. Saciar-me devagar.

Daniele Vieira

2 de dezembro de 2012

Decepções Por Vênus


     Tenho aversão a decepções. Por isso muitas vez sou indecisa e mergulho em inúmeras possibilidades, procuro até me cansar um jeito de não me machucar e não machucar os outros - o que raramente acontece. Sabe aquele lance de agir antes de pensar? Não, não é comigo meu bem. Posso até agir errado, mas foi porque não escolhi bem entre meu leque de possibilidades, sendo que uma das cartas seria o  "não pensar". Procuro o porquê de tudo e em tudo, e isso me tira do sério. Até eu compreender uma questão e os motivos que levaram ao desfecho, não me sinto bem; e até parece uma reação da matéria contra a consciência. Meu próprio corpo manifesta pedindo por esclarecimentos para que a justiça seja feita.
      Não nego que um dia escrevi "O amor é o sentimento que mais me fortalece", mas também é o que mais me consome. Amor próprio, amor carnal, amor fraterno e amistosidade (forma mas elevada do amor), me matam aos poucos. Decepções... Antes mesmo de selecionar, antes mesmo de pensar antes do agir, eu estive/estou a submissa à Vênus, à formalidade, à elegância. De tanto evitar me envolver com coisas, pessoas e estudos, sem fundamentos, o amor se torna algo inatingível e logo, meu amor se torna platônico.
     Idealizo as coisas, planejo, estruturo, suspiro, e volto a idealizar. Não que eu não seja correspondida, pelo contrário, não sei corresponder aos anseios dos outros. Sou indecisa demais e vivo procurando o caminho certo, a resposta certa, que muitas vezes, a minha reação não é "espontânea". Não me culpe, culpe Vênus por me reger. Esse minha mania, meu defeito, me decepciona e eu tenho pavor a decepções. Gosto de idealizar, deve ser por isso que amo escrever, é a forma mais fácil que consigo ser "espontânea". 
      E ser/agir espontânea não tem nada haver com ser eu mesma, já que quem eu sou é bilhões de vezes mais racional. A palavra é empregada errada, afinal, eu raciocínio ou me mantenho alerta voluntariamente, tendo como exemplo a consciência e a intuição. O "acontecer por acontecer" se parece mais com um erro que trará consequências do que uma reação espontânea. Agora sentimentos são espontâneos, tão naturais que você mal percebe quando eles crescem e invadem seu coração... E isso é mais uma decepção do que uma confidencia. Saber que não sou imune e no fundo acabo reagindo de acordo as expectativas das pessoas normais, não agrada. É mais um inimigo que tento derrotar todos os dias, posso ser indecisa mas quando me decido, não tem volta e isso eu não tenho aversão. Eu não tenho aversão a tentar ser uma pessoa melhor!

Daniele Vieira

1 de dezembro de 2012

Chega


Chega de palavras complexas
Chega de sonhos perdidos
Chega de amor e suicídio
Chega de esperanças incompletas 
Chega de chega e chega...

Daniele Vieira
10/02/2012