14 de dezembro de 2014

Insanas Para Amanhã


São poucas as coisas quais eu tenho sanas em minha cabeça
Sanas, puras, resguardadas e estruturadas em forma de cristal
Não consigo mais beber dessa fonte rasa de inspiração e nem
Contornar com os dedos esse cálice de aço gelado e prepotente.
Quem eu sou hoje não reflete e nem retrai. Então, quem sou eu?
Uma osmose de pensamentos ambulante? Um caleidoscópio quebrado?
É um frio caloroso, arrepiante e que trás verdades que me deixa assim,
Desamparada, tremendo, com medo, vazia, crua, quem outrora fui e hoje sou...
A quem pertenço? Sou do mundo, sou da terra, sou do mar, sou da floresta
Eu sou o mundo! Não caibo em eu mesma... E se hoje sou assim...
Amanhã como serei? Quem eu serei? Retalhos de quem eu fui?
Fragmentos de mundo destruído? Um mar poluído e sem inspiração?
Um quase sem poesia? Não. Não sei viver assim. Não devo viver assim.
Prefiro minhas ideias insanas e psicodélicas que enfeitam os pilares
Da minha criatividade, prefiro o horizonte azul e Sol explosivo forte...
Prefiro aquela bagunça que no meio de bugigangas ainda era arrumada.
Prefiro o cheiro de tinta e as que mancham o chão, prefiro ser pra mim.

Daniele Vieira

30 de novembro de 2014

De Domingo



Das tardes de domingo,
Das horas que não passam,
Dos pressentimentos não sentidos,
Da escuridão enorme,
De tudo que trás esse querer ser e
Do que eu não posso e já perdi.

Horizontes quebrantados,
Horas jogadas no mar,
Horas que vão e vem devagar,
Horas que fogem todo instante,
Há motivos para querer julgar?
Há razão que me aprisione?

Quando tenho os mesmos medos
Qualquer coisa não basta
Quer saber?
Quase escapa pelos meus dedos
Quase esqueço de esquecer
Que não preciso ser tão complicada.

Mas como me descomplicar?
Mais amor pra cá? Mais poesia?
Mar e maresia?
Mora lá perto de casa,
Muda pra praia,
Minha manha de domingo.

Daniele Vieira

22 de novembro de 2014

Simples Azul Profundo

Ele se sentou na varanda, perto dos meus discos de vinil, com um ar cansadoramente inebriante
Tinha em suas mãos papel e caneta azul profundo, precisou mais de um trago daquele ar úmido
E com um sorriso devastador, ele destrinchou as primeiras palavras, as quais o mesmo não sabia explicar... Mas ele se sentia tão impotente!
Ah, os cantos da palma já estavam todos borrados e o papel manchado de azul profundo, azul mundo!
Qual eu pertenço, qual minhas cumbucas estão espreitas pela casa, qual lírios brotam na varanda!
Mas ele estava sentado na varanda e nem cheiro, e nem calmaria, alcançavam seu coração escuro...
Nem as rimas fracas e nem a metrificação! Estava tudo tão cinza e perturbador, mas tão sincero!
Tão cálido, tão joia, tão simples! Ele se permite ri de tal sentimento devorador, entusiasmador e conflitante! Isso trás paz... Trás simplicidade gigante!
Arrastava os dedos no papel, nunca precisou de muito e mais uma vez tinha uma péssimo rascunho numa folha datada. Não precisava de mais nada.

Daniele Vieira

19 de novembro de 2014

Madrugada Devora

Eu andava na chuva com jeito
Agora já quase caio, tantos defeitos
Antes que fosse um parada qualquer
Imaginando problemas onde houver
Intrigas, barulhos, palavras que devoram
Andando sem direção, outra escada
Esperando qual será a próxima piada...
São apenas opiniões que me degolam...

E essa capa em cima do balcão do hotel
Tá tão frio aqui fora, tão sujo esse céu
As ruas submergem esdrúxulas, molhadas
No outo lado corre um cara de mão armada!
Medo, reações e sentimentos que devoram
Imundos e sedentos estímulos urbanos
Aah, mas tão travessos e levianos!
Nem as mais doces poesias os saciam!

Luzes de led brilhando no breu melancólico
Cuidando do mendigo de humor alcoólico
Correr pra onde? A vista daqui é bem agradável
Pra quê ter quando se pode admirar o inalcançável?
Estranho vazio (cheio) da madrugada que me devora
Joga-me na parede e me intriga mais e mais
Como se eu fosse vulnerável, pequena e não capaz
Grita, burla, chora e provoca essa emoção que aflora.

Daniele Vieira

2 de novembro de 2014

É Hora De Ilustrar


Ilustra esse vão cinzento com cores que eu não entendo
Tarde, é tão tarde para entender o que não deveria nem tentar
O meu jeito nunca foi na verdade meu, já não sei o que tenho
Nem o que eu deveria ter, palavras me faltam, motivos também...

É hora, era tempo, nuvens degolavam minhas ideias pálidas
Eu sei, não preciso estimular essas aspirações que custam a aspirar
Venho, pra quê não enfrentar essas manias obsoletas de minha prosa?
Obséquio sentimento, eu deveria querer mais? Eu deveria? Quero mais...

Figura essa dança que eu nunca consigo acompanhar, eu não entendo
Cedo, é tão cedo para entender o que não consigo nem acompanhar
Esse jeito talvez um dia seja meu de verdade, talvez eu saiba que tenho
Tudo o que eu deveria ter, movimento me inspira, emoções também...

É hora, era tempo, nuvens degolavam minhas ideias pálidas
Eu nunca sei se preciso encorajar esses anseios que custam a ansiar
Vou, pra quê enfrentar esses desafios que desaguam em minhas palavras?
Inundam com cores que eu não entendo, mas que eu queria que fossem minhas...

Cores tão sozinhas, tão juntas, tão fraternas
Perdi-me ao não querer o suficiente para mim
É hora, era tempo, para inspirar o cinzento
Eu deveria criar mais? Palavras não me faltam...

Daniele Vieira

9 de outubro de 2014

Vem Acostumar


Vem me acostumar
Que do pouco que lembro
Borrão de imagens coloridas

Vem me acostumar
Para não me esquecer
Das palavras que sempre perco

Vem me acostumar
Se não é tarde
Para tentar me convencer

Vem me acostumar
Flores esparramadas no chão
Se não puder voltar, deixe-me estar

Vem me acostumar
Gotas delineando o rosto
Não se sabe se era suor ou choro

Vem me acostumar
Já não tenho mais nada
Só muito pouco para dar

Vem me acostumar
Que do pouco que lembro
Borrão de imagens descoloridas.

Daniele Vieira

2 de outubro de 2014

Pouca Para Tanto

Ontem,
Hoje, eu quero
Amanhã, espero
Depois, nego
Pouca afeição
Para tanto esmero

Ontem,
Hoje, eu nego
Amanhã, quero
Depois, espero
Pouca palavra
Para tanto motivo

Ontem,
Hoje, eu espero
Amanhã, nego
Depois, quero
Pouca coragem
Para tanto presságio.

Daniele Vieira

Link: Constante Linear

22 de setembro de 2014

Despida Sensação: Quero Sentimentos Descalços


Quero seus sentimentos descalços
Despida sensação de livres pés no gramado
Amado, ama, doa, doma, figura potente
E lá se vai, outra fonte esvaziada, vem cá
Gosto dessa festa de cores, vem... Sente
Vir o que fazemos acontecer, meu céu, alá!
Deleita, deita, eleita, lei, ei... Despida sensação
De querer me embriagar sem ninguém, ficar aqui
Comigo, contigo e com toda minha leve criação
Não venha mais ninguém, tá tudo tão calmo daqui
Tão meu, tão refratária mente caleidoscópica
Ver-te-ia sorrindo saudações que já caíram no chão
Eu não me incomodo, nem com ilusões recíprocas.
Despida sensação de estar bem e de se acostumar...

Quero meus sentimentos descalços
Despida sensação de deixar voar,
Navegar nas nuvens do céu,
Emanar vibrações calorosas
E aprender a amar.

Quero os sentimentos descalços
Despida sensação de sentir arrepios na chuva
Até eu encontrar, até eu clarear... Vem clarear
Não quero saber, agora só sentimentos me rodeia
São livres, sem definição, despidos, descalços...
Não são meus, não são teus, são do mundo!
É tudo, é esse vento malandro bagunçando meus cabelos
É essas cores que desdobram nos teus lábios entreabertos
É essas ondas que vão e vem sobre os olhos cansados
É esse turbilhão de "nada", é essa simplicidade gigante
É essa coisa boa que emerge no peito... É só o meu eu.
Eu estou tão bem, contente com o estar descalça...
Não é suficiente, nem de transbordar... É de inundar!
Despida sensação de experienciar o acalmar...

Daniele Vieira

13 de setembro de 2014

Inconstantes


Como praticar o desapego se não apego e nem pego por pouco ego.
Nem nego quem dirá entrego minhas razões por outras ações de benevolência
Essência selvagem age nesse aparelho carnal, mas sou muito mais que isso
Sorrio de canto, se eu ainda canto em meio de falsos prantos dramáticos
Por que tento me sentir assim? Alguém que não faz parte de mim? Cadê o fim?
Sentimentos cítricos, cêntricos e inconstantes insistem por todo instante
Em não querer mudar e nem moldar nada que possa afirmar o que já passa
E olha! Já passou e talvez passará de novo... Sentimentos sazonais
Urbanos levianos nos bancos das praças, nas calçadas e por onde encontro
Planos de fundo e planos sem fundos, fundamentos e que nem são fundamentais
Alça ao desespero por erro, erro? Erro por medo isso sim, medo motiva
Cativa e cria, mas não deveria quando se tem algo melhor e tão constante
Algo que não é e não pode ser, mas talvez será, assim, poesia entre meus dedos.

Daniele Vieira

10 de setembro de 2014

Se, Será, Porquê?


Porque, talvez, realmente tenha que ser
Ser o quê? Ser como? Ser assim? Ser sem?
O que me compete ter, querer e ser algo que “tenha” que ocorrer?
O que pode me comprometer com esse futuro traquino, malandro e incerto?
Quando tudo que eu sei e entendo é tão pouco para me orientar nessa imensidão catastrófica.
Procurar respostas nessa situação seria como escurecer minha visão…
Será que é necessário entender? Se, será, por quê?
Quando não entendendo e não sei o que realmente quero, vale a pena deixar de me preocupar?
Como viver sem se preocupar? Viver sem fardos?
Como dormir sem ter nada para se preocupar?
Saberá, eu, como lidar com os meus anseios levianos e especulantes?
Se não há nada que me aprisione, por que ainda estou aqui?
E por que eu não consigo sair? Se, será, porquê?
Porque, talvez, realmente tenha que, sem querer querendo, ficar.

Daniele Vieira

12 de agosto de 2014

Centelhas Catastróficas


Atrás dos seus olhos, que olhos? Nunca vejo.
Centelhas pequenas demais para essa toda imensidão
Escura e doentia... Atrás dos espelhos, que espelhos?
Nunca refrato, nem palavras nem alegorias incertas
Nem todavia, que nunca encontro o que quis achar.
Já não sei nem o que quero encontrar, o que quero?
Nunca lembro do que forço para não esquecer
Atrás do que? Das antigas virtudes que foram esquecidas?
Ou das velhas lições de dores? Algo que não consigo alcançar...
Foge-me às mãos, as saudações honrosas de reconhecimento
As recusas, o alento... Quem diria que eu ainda iria ver
Tamanho esmero em tanta escuridão. Acenda as luzes.
Atrás dos seus olhos, que olhos? Nunca lembro.
Centelhas pequenas demais para acalmar meu coração
Órgão involuntário e irrigador... Atrás do pulso, que pulso?
Nunca falho, nem em bombear outra reação obsoleta
Nem em querer ficar aqui, longe dos meus elementos
Catastróficos, mas nessa explosão de centelhas eu vejo
Fogos de artifícios transbordando nessa imensidão escura.

Daniele Vieira

2 de agosto de 2014

Constante Linear


Subverter-se ao ser o que não era
Entre tantas possibilidades e desventuras
Entre tudo que inspiro e expiro voluntariamente
Longe de onde sigo, não há nada adiante, nem póstumo
Nem bravo e nem heroico, apenas o constante horizonte linear.

Desbravar mares que se entrelaçam sem fim
Mudam as perspectivas e realçam o que no fim esperar
Esperanças em ondas de agonia sedentas por respostas finais
Como lidar com essas perguntas naufragadas nesse vazio fantasmagórico?
Como lidar com essa imensidão sombria infinita? Apenas o constante horizonte linear

Vivendo em permutação com o que é,
O que era e o que será, inúmeras adaptações
Quando tudo que aspiro me inspira inebriantemente...
Quando de longe posso avistar nova faísca de presságio
Nada bravo e nada heroico, apenas o constante horizonte linear.

Daniele Vieira

22 de julho de 2014

Ser Assim


Entres essas estrelas submersas nesse azul vazio horizontal, eu consigo avistar a faísca do novo presságio e o sutil mistério de se aventurar mais uma vez.
É uma sensação de perca e de ganho ao mesmo tempo, é como se eu nunca fosse suficiente para todas futuras ambições e muito matura para as antigas.
Descalça, areia aos pés, e agora? Eu deveria de alguma forma ir, sabe o que fazer... Cegar essa visão que insiste em me fazer enxergar o que já passou.
E de todas essas luzes, qual que irá me salvar? É como se, se nunca fosse tarde de mais para deixar ir. Nunca fosse tarde de mais para encarar outra realidade.
Parece que todas as vezes em que mergulho nessa imensidão de tudo que eu sei, mais fica difícil de achar as palavras certas para guiar essa nova caminhada erudita.
É preciso fôlego, mais do que fôlego, é preciso adrenalina nas veias! Afinal, o que é um novo presságio sem o forte bombeamento de sangue no coração?
O que é uma nova perspectiva sem um senso de direção? Algo livre para ser o que quiser... Livre para ser assim.

Daniele Vieira

28 de junho de 2014

Lábios Que Tremem


 Lábios finos murmurando palavras desconexas nessa imensidão escura, soletrando minha agonia em cantigas simples de amor, embebedando sutilmente minha euforia para um novo presságio. Lábios que tremem livremente quando emitem outro elogio raro ou quando aceitam um agrado, antes de reprimir as emoções novamente, grandes sentimentos em pequenas demonstrações enxutas por minhas aflições.
 Clareia esse vão de coisas apegadas, clareia esse medo opressor, clareia essa vida programada. Como posso reencontrar a minha espontaneidade? Como posso sair dessa virtude danificada? Minha vida já passa e como já passou, e eu ainda estou aqui, atordoada pelo medo e pelas feridas ainda atadas. Intocável esses sentimentos inexpressos...
 Sentimentos intensos, explosivos, vibrantes e calorosos. Altamente destrutivos, autodestrutivos, destroem minha longa muralha impessoal. Mestre na arte de regeneração emocional ou na arte de isolamento sentimental? Como não reprimi-los e sufocá-los e algum lugar em que eles não possam ser sentidos? Sentir muito nunca me fez bem, nem nada em excesso. Medo, o bom, opressor. 
 Expressar-me livre de impedimentos ampliaria minha visão, filtraria minhas decisões. Lábios finos esticados de lado, desprezando essas coincidências inevitáveis, chegando mais perto do que deveria ser. Lábios que esticam palavras que deveriam ser mais simples, palavras calmas, deleitosas e aconchegantes. Nada tão orbitante, nada tão centelha. 

Daniele Vieira

19 de junho de 2014

Enxergar O Quiser


Você consegue enxergar o que não estou vendo?
Consegue sentir esses ferimentos? Essas lembranças?
Esses pequenos empecilhos sem nenhuma opção, nenhuma solução.
Para onde vai? Não sabes nem me dizer, como saberias? Como eu sei?
Não tenho mais aquele comodo fervor aos olhos, nem outro brilho casual,
Nem outra virtude passageira... Por que não consigo enxergar o que almejo?
Devastada imensidão, inapropriada mania de ser assim, de querer ser assim
Deve ser por isso que não exergo o que é arriscado demais para minha amplitude,
Mas como posso sentir algo que não me pertence, algo que não quero refletir?
Muitas perguntas e poucas respostas, quando na triste realidade
Fico melhor por aqui, nessas dúvidas não tão duvidosas...

Daniele Vieira

9 de junho de 2014

Sem Fôlego


Eu acordei nessa manhã me sentindo sem fôlego.
Sem saber para onde ir, por quanto tempo partir, sem saber
De nada que não me pertença, de nada do que eu costumava ser
E do que ainda sou... Meio que um sentimento um tanto leviano e vazio.

Palavras estranhas e desconexas reinando em minha memória
Pra quê acreditar no que foi e no que será? Sem fôlego, sem dor
Era a hora, mas, e agora? E essas poesias incompletas? E essas páginas
Em branco? Seria tamanha falta de educação deixá-las avulsas de meu coração.

E se, se eu perguntasse, o que eu acostumava ser?
Palavras estranhas e desconexas, poesias incompletas
E páginas em branco? Sem fôlego, sem ardor
Costumava acordar me sentindo renovada.

Daniele Vieira

7 de maio de 2014

Longe Adiante


Muda, longe, siga adiante, escute o brando desenrolar...
Aqui, já não pode estar. Vamos! Siga adiante para longe mudar.
Lá, já não pode esperar! Vamos pra lá, onde longe posso seguir adiante e ficar.

Daniele Vieira

12 de abril de 2014

Toda Vez Ninguém Sabe




















Eu sinto como nunca devesse ter, 
Não acho que eu acharia uma outra forma;
Toda vez, toda vez que eu vejo essas farpas no chão
Ninguém sabe, para quê saber? Não tenho certeza do que vejo
E esse lance de escadas já foram mais inspiradores... Mais coloridos.
E essas mentiras, de ontem, que faleceram nesse piso frio, e esses sussurros
De sempre que nunca vão embora, nunca deixaram de ser eles mesmos por outrem.
Eu sinto como nunca devesse entender, não acho que encontraria uma outra solução toda vez,
Toda vez que eu observo essas farpas pintando o chão, ninguém sabe. Para quê saber? Tenho certeza
Do que vejo, esse lance de escadas já foram menos drásticos... Menos vermelho. E esses desejos,
De todo dia, que borraram nesse piso frio, e esses estímulos de outrora que já vão embora
Nunca deixaram de ser eles mesmo por outrem. Eu sinto como nunca devesse parar... 

Daniele Vieira

2 de abril de 2014

Almejar


Saber e querer já é mais do que pretendo com esses versos
Não é que eu tenha uma ideia formada de como as coisas são e como deveriam ser,
Nem uma que me obrigue a ficar aqui dobrando pensamentos e arredondando suas arestas,
Nem nada, nada que caiba aqui, nem nesse meu instinto emblemático de querer criar
O que não sei expressar... Não saber é diferente de não almejar. Eu almejo.

Achar e ter já é muito mais do que pretendi com esses versos
Não é que eu tenha uma ideia formada de como as coisas são e como deveriam ser,
Nem uma que me obrigue a parar e esquecer do pálido eufemismo e da afiada caligrafia,
Nem nada, nada que deixe de ser, nessa minha estreita vontade de transgredir
O que não consigo alcançar... Não conseguir é diferente de não almejar. Eu almejo.

Daniele Vieira

14 de março de 2014

Re-harmonizar


Pra começar
Cada coisa em seu lugar
E nada como um dia após o outro

Por que apressar?
Se nem sabe onde chegar
Correr em vão se o caminho é longo

Quem se soltar, da vida vai gostar
E a vida vai gostar de volta em dobro

E se tropeçar
Do chão não vai passar
Quem sete vezes cai levanta oito

Julga saber
E esquece de aprender
Coitado de quem se interessa pouco

E quando chorar
Tristeza pra lavar
Num ombro cai metade do sufoco

O novo virá
Pra re-harmonizar
A terra, o ar, água e o fogo

E sem se queixar
As peças vão voltar
Pra mesma caixa no final do jogo

Pode esperar
O tempo nos dirá
Que nada como um dia após o outro

O tempo dirá
O tempo é que dirá
E nada como um dia após o outro.

Um dia após o outro
Tiago Iorc

27 de fevereiro de 2014

Inapropriada Permissão Vazia


Se sei, nessa tarde vazia, não adianta forçar
Nem apreciar outra paisagem nublada sem permissão
Sem educação, sem vergonha de ser assim... Inapropriada
Distante de mim. Distante de tudo que se envolve em mim
Vale dizer, negar e exercer minha diretrizes críticas aqui
Estruturar essa minha visão borrada para não deixar passar
Esse romantismo silvestre, agridoce e azul. Um tanto anti-promissor
Para uma paisagem, para meu ponto de vista, para o de outrem.
Se sei, nesse sentimento vazio, não adianta forçar
Nem trocar por outra paisagem virtuosa com permissão
Com educação, com orgulho de ser assim... Apropriada.

Daniele Vieira

*Fotógrafo - Alexander Khokhlov 

22 de janeiro de 2014

Dobrados Errados


Tem papeis dobrados no meu assoalho, um tipo de origami que deu errado.
Levando-me para razões aleatórias... Perguntas, memórias, vida recortada
Não posso mais carregar retalhos, nem tantas cores, nem tantos amores...
Nem escapar por linhas estreitas achando que a solução só estará na aresta.
Deitar-me entre rabiscos, entre palavras metafóricas, até me embriagar em mais
Uma ideia estúpida de direção. Apreciar o chá e o cada dia que parece mudar...
Devagar, atiçando a ruína que nunca deixa de se vangloriar. Faz bem querer ficar?
Desdobrar essas lembranças, acender um pouco de voracidade no meu candelabro
E quem sabe mais uma vez, dobrar-me em poesias que nunca deram errado.


Daniele Vieira