22 de abril de 2012

Antiga Alma



Eu sinto falta, daqueles tempos, que eu nunca ousei dizer
Uma palavra inesperada contra teu semblante, eu sinto falta
Da música calma e da dança estruturada ao nossos pés...
Vai dizer que não se lembra? Vai dizer que nunca ousou dizer?
Que sente falta de tudo, da primavera que em Abril não veio?
Tanta paixão, é meu bem, dançávamos por cima do fino gelo
Já os mistérios de tua alma nunca jazia, sempre inovando
Você me deu algo, bom ou ruim, já não importa, já é tão antigo
Nunca precisei olhar as horas, o que era valor, hoje é bugiganga.
Minha felicidade é tão óbvia, é tão velha, é tão simples...
Hoje arte é feita com sangue e não mais com tinta... Você acredita?
Tenho medo de acreditar. Eu sinto falta, de quando os artistas
Choravam ao renascimento, rabiscavam o parnasianismo...
Eu sinto falta daqueles tempos que "moça prendada" era um elogio,
Hoje, os cientistas deveriam criar uma teoria que afirmasse que estudar
Perde peso. Talvez assim, não existisse tão menina burra e mimada.
Eu sinto falta dos meus irmãos. Eu sinto falta daquela vida jovial, 
Das antigas promessa, das antigas juras de amor e das dores do pecado.
Antiga alma, em Abril quase esquece. Aqueles vestidos de baile rendados...
Viajando no tempo, quanto tempo querido, quase esqueço de nós. 
Quase esqueço de parar de sonhar, parar de planejar, parar de analisar, 
Joshua Bell já pode parar de tocar, Allegro, sempre me alegra -risos.
Eu sinto falta daquela mania, daquela espera, daquela passividade 
Uma galáxia inteira e a única preocupação, seria, porque hoje não choveu.
Eu gosto, sempre gostei, da chuva. Nada mais requinte que a queda dela,
Nada mais descompasso, nada mais perfeito que ela. Eu sinto falta.
Alma antiga sente falta, do ilusionista, da magia, da riqueza na poesia.
Do interessante jogo de cintura, do jogos de palavras agressivas...
Hoje, jogo de cintura é explícito e palavras agressivas é palavrão.
Eu sinto falta da delicadeza que era necessária para segurar uma mão,
Eu sinto falta, eu digo, eu repito, eu tento esquecer, mas é não dá
Pois a única certeza que ainda temos é que tudo se encaminha para o caos.
Logo é inevitável, que essa minha mente não esteja a beira da loucura.
Um brinde á aqueles tempos, que minha antiga alma sente falta.

Daniele Vieira

*Joshua David Bell, meu violinista predileto.

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