7 de abril de 2012

Meu Verão Escuro Chora


Querido Verão, ultimamente tenho estado sem inspiração.
A primavera começou, as flores desabrocharam e eu esperei...
Esperei pela graça, pela queda, pela ferida, pela dor no peito
E nada veio, nem o som da aurora perdida, nem os escrúpulos.
Odeio está certa, odeio estimular expectativas, odeio esse processo
Odeio quando devo ser má e não me permito, odeio machucar
Me odeio por não conseguir te odiar, verão escuro promíscuo.
Me acorde em outubro, me acorde em Outono! Deixa-me lembrar...
Daquelas promessas ilhadas em nossos peitos, das juras de loucura
Alianças por amor, filosofia e dor. A arte vem do sofrimento
E os poetas se viciam em sofrimentos. Sofrem para não recuarem
Sofrem para escrever, sofrem para primavera deixar de doer
O belo me encanta, o estranho intriga. O belo estranho me encanta e intriga
Entretendo os sentidos perturbados. Abril, por que não consigo te odiar?
Eu não gosto/suporto despedidas, não inclino para o final.
Para eu, nada termina. Tudo continua, indica, morre e vive. Tudo gira.
Tudo deixa de ser, tudo parece parecer. Tudo cala, tudo grita.
Verão ainda chora, o meu Verão ainda chora, quando deveria amar.

Daniele Vieira

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